des-pensar o sentir

Tudo começou num só momento. Madrugada de Sexta. Sinal vermelho. Observo-me por dentro. O sinal. Proposta? Reprimenda? O meu corpo não encontra resposta. Avanço para a Av. Berna. Porque estará o meu corpo meio apático? Aquela Sexta houvera se mostrado benevolente. Porque me afastei então de Deus esta noite? Qual a causa? Nesta conquista de sentido procurei montar um puzzle para a estranha apatia emocional que me assombrava. Não senti o sentido do sinal. Talvez por não ter permitido sentir o que sentia em busca de um sentido. Um carro ultrapassa-me apressado. Nesse carro também me revejo. Mas, este pensamento parece ser quase uma segunda voz. Avanço para a João XXI. Eis que ao me ver ser vivido pela suspeita do que vou sentindo, Paro. O momento. Acontece. A vida não me vive. Eu escolho a vida em que vivo. O que fazer a seguir? Que criar? Que embelezar? Que ousar? Em que nuvens repousar?

Me prendi ao que pensei que senti e não senti. Graça perder o sentido ao meu sentir para ganhar um novo sentido: não é o que penso sobre o que sinto, é o que sinto e o que ardentemente escolho criar para o sentir desofuscar.